sábado, 27 de junho de 2009
Inclusão
Rita Loiola (novaescola@atleitor.com.br)
Fazer um planejamento para classes com jovens com deficiência exige cuidados especiais. A primeira coisa é conhecer a criança e a família. Esse contato, além de ajudar a saber com quem você vai passar o ano, também orienta sobre os materiais específicos de que pode precisar em aula. Outra forma de conseguir essas informações é procurar o profissional que oferece atendimento especializado. "Essa troca é importante para o professor ter ideia das habilidades e competências com as quais está lidando", explica Daniela Alonso, consultora na área de inclusão e selecionadora do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10. "Com isso, ele pode pensar em propostas colaborativas dentro de sala e aperfeiçoar seus métodos pedagógicos. Cada aluno tem necessidades próprias. Nenhuma deficiência é igual", diz.
O QUE FAZER, CASO A CASO
Deficiência auditiva
A escola precisa providenciar um intérprete para os alunos que já dominam a libras e um educador disponível a ensinar a linguagem a professores e crianças
Fale sempre de frente, os alunos precisam enxergar seus lábios
Sempre que possível, utilize recursos visuais
Use gestos, pois facilitam a compreensão
Deficiência visual
Solicite os materiais específicos, como os utensílios para escrever em braile e o soroban, audiolivros ou lupas e um profissional disposto a ensinar a escola a ler e escrever em braile. Também é fundamental garantir a acessibilidade em toda a escola, como sinalizações e comunicados traduzidos
Acrescente estímulos orais às explicações
Não mude os móveis de lugar com frequência para prevenir acidentes
Deficiência física
Os materiais específicos podem ser pranchas ou presilhas para prender o papel na mesa, suportes para lápis e canetas e até computadores
Alargamento de portas, instalação de rampas e barras de apoio facilitam a mobilidade dos alunos
Deficiência mental
Informe-se com a família e os profissionais que acompanham o estudante sobre as necessidades dele e os instrumentos adequados para a aprendizagem
Estimule habilidades sociais e interpessoais
Faça avaliações compatíveis com o potencial de cada um. As comparações entre alunos são sempre prejudiciais
Planeje metodologias de ensino com recursos diversificados e dê aos conteúdos um significado prático e instrumentalO planejamento deve levar em conta que podem ser necessárias, por exemplo, transcrições para o braile, audiolivro ou interpretação em libras. Esse apoio, garantido por lei, é feito por especialistas em conjunto com a escola. As secretarias municipais, organizações regionais e nacionais de apoio aos deficientes, universidades ou o Ministério da Educação oferecem orientações, materiais didáticos e até mesmo profissionais e estagiários. "Com a escola, o educador pode cobrar soluções para assegurar os direitos de seus alunos", diz Daniela.
Mais do que os materiais de acesso, planejar uma aula inclusiva implica observar a Educação de modo amplo. Em vez de aulas que privilegiem a informação e sua reprodução, o professor pode buscar a interação dos jovens. "A Educação para a inclusão pede uma mudança de concepção do ato de ensinar", diz Maria Teresa Mantoan, coordenadora do Laboratório de Estudos e Pesquisas em Ensino e Diversidade da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). "O ensino focado na repetição de conceitos há muito tempo é ruim para qualquer estudante, com deficiência ou sem", diz.
O caminho é abordar os assuntos com base em aspectos variados, por meio de técnicas ou recursos audiovisuais, considerando os saberes prévios da garotada. A valorização da experimentação e da criação em discussões, pesquisas ou trabalhos em grupo, com materiais que proporcionem diferentes níveis de compreensão, faz com que todas as crianças se sintam integradas e mais motivadas a aprender. E, quanto mais variados forem os instrumentos, melhor. "É bom ter em mente que, se o professor pensar só em imagens para traduzir os conceitos, ele não penaliza apenas quem é cego, mas também quem senta no fundo da sala ou tem mais facilidade em compreender verbalmente", completa.
"A diversificação das técnicas em sala de aula fez todos responderem positivamente", conta a professora Margarete de Menezes Prade, da EE Coronel Ciro Carvalho de Abreu, em Porto Alegre (RS). Esse ano ela recebeu um jovem cego em sua turma do 3º ano e precisou reorganizar seus cursos. Colocou bonequinhos e miniaturas de bichos nas aulas de ciências sobre os animais e, com os estudantes, levou a apresentação dos trabalhos em grupo para além da cartolina e leitura, deixando-a mais dinâmica. "Ele apenas colocou em evidência onde eu precisava agir diferente. Na hora de planejar as aulas, comecei a variar meus materiais de pesquisa e pensar em debates polêmicos e questões de diversidade", diz. Ela também tem a ajuda da máquina em braile e, no ano que vem, terá um ábaco para o ensino da matemática. "Quando fico em dúvida, os alunos ajudam, dão ideias e trazem material de casa", diz.
Cada estudante tem seu caminho e ritmo próprios de estudo, compreendendo temas de formas diversas. Na hora de avaliar, o que está em jogo é o progresso de cada um e seu processo de aprendizagem. "Quando optamos por ver o que o jovem é capaz de produzir e suas respostas às atividades propostas, conseguimos acompanhar seu percurso escolar e a evolução das competências", explica Mara Lúcia Sartoretto, pedagoga e consultora da Federação Brasileira das Associações de Síndrome de Down. Em outras palavras, não é a reprodução de informações, mas o que o aluno acrescentou ao seu conhecimento prévio e a forma como fez isso que devem ganhar nota.
Mara dá o exemplo de atividades diversificadas, como a construção de um portfólio. Por meio da observação diária, o educador descobre o que as crianças aprendem e a maneira pela qual trilham o saber. Também percebe as capacidades de cada um e ganha pistas de como ampliá-las.
Quer saber mais?
BIBLIOGRAFIA
Caminhos Pedagógicos da Inclusão, Maria Teresa Mantoan, 243 págs., Ed. Memnon, tel. (11) 5575-8444, 38 reais
Educação Inclusiva: Contextos Sociais, Peter Mittler, 264 págs., Ed. Artmed, tel. 0800-7033444, 49 reais
Manual de Portfólio: um Guia Passo a Passo para Professores, Elisabeth Shores e Cathy Grace, 160 págs., Ed. Artmed, 48 reais
INTERNET
O Acesso de Alunos com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular de Ensino, tel. (61) 3105-6001
Orientações da Secretaria de Educação Especial do Ministério da Educação
Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem de Alunos com Necessidades Especiais
domingo, 14 de junho de 2009
Inscrições para o Enem começam na segunda-feira
As inscrições para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), edição 2009, começam na próxima segunda-feira (15) e serão feitas somente pela internet, a partir das 8h. O prazo vai até 17 de julho para quem está concluindo o ensino médio.
A prova, com 180 questões de múltipla escolha e uma redação, será aplicada nos dias 3 e 4 de outubro.
O candidato deve preencher o cadastro de inscrição, no site www.mec.gov.br/enem , enviar os dados e verificar se a transferência foi concretizada, mediante confirmação por mensagem de retorno a ser enviada para o e-mail informado nesse cadastro.
Os comprovantes de inscrição dos candidatos que ainda não concluíram o ensino médio estarão disponíveis, após efetivação, até 24 de julho no site de inscrição.
Candidatos que já finalizaram a escolarização básica em anos anteriores e interessados na certificação do ensino médio terão um prazo maior para inscrição. Neste caso, o prazo de inscrição vai até 19 de julho. O procedimento é semelhante ao dos concluintes do ensino médio. Também é possível pedir isenção de taxa.
Os comprovantes de inscrição desse grupo estarão disponíveis, após efetivação, no endereço eletrônico em que foi processada até 31 de julho.
Uso do Enem no vestibular
Reitores de universidades federais e o Ministério da Educação (MEC) definiram formas de adesão das instituições ao novo Enem.
Há quatro possibilidades: o Enem como fase única; como primeira fase; como fase única para as vagas ociosas, após o vestibular; ou combinado ao atual vestibular da instituição. Neste último caso, a universidade definirá o percentual da nota do Enem a ser utilizado para a construção de uma média junto com a nota da prova do vestibular. O candidato deve conferir como a instituição de ensino superior que está interessado usará, ou não, a nota do Enem.
*Universidade Federal do Rio Grande Adotará o Enem como parte da nota (50%) e para vagas remanescentes
Fonte: Globo.com - atualizado em 14/06/09 - 07h30