
O suspense criado pelo anúncio do listão no rádio foi quebrado ao meio-dia de ontem.
Por telefone, o genro Paulo Roberto Rubira se antecipou e deu boa notícia: a dona de casa Carmem Campos Eifler Sayão estava aprovada no vestibular de História da Universidade Federal de Rio Grande (Furg). Tornou-se bixo no curso de História aos 70 anos.
A internet interrompeu a espera na casa de Carmem. Com o listão dos 2.361 novos universitários no site da instituição, bastou consultar a web para terminar com a expectativa.
Estudando nos intervalos das tarefas domésticas, em uma escrivaninha ao pé da janela, no canto da sala de estar, Carmem fez o suficiente para se defender. Passou em um curso com quase um candidato por vaga. Foi a 39ª dos 40 aprovados.
– Para quem vivia fazendo palavras cruzadas e cuidando da casa, é uma vitória – afirma.
Os festejos tiveram ovo, farinha e a tradicional pintura. Após a comemoração, a avó já tem o compromisso universitário: vai ao Campus Carreiros realizar a matrícula.
– Em breve, vão me ver de toga.
A trajetória vitoriosa
- A aprovação foi um feito para Carmen, que trocou os estudos pelo trabalho aos 14 anos, na 5ª série do então primário, e aos 16 se casou.
- Ela deixou de estudar quando morava em Porto Alegre, em 1953. Ao casar com o rio-grandino José Inácio, mudou-se para o sul do Estado, onde criou oito filhos. Ela ainda tem 21 netos e dois bisnetos
- Após a morte do marido, há 11 anos, Carmen passou a ser estimulada pelos filhos a voltar para a escola. Aos 68 anos, em 2007, trocou as novelas para fazer aulas noturnas no Ensino para Jovens e Adultos (EJA)
06/02/2010 - Zero Hora
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